sexta-feira, 11 de maio de 2012

O Garoto da boina azul


Título: O Garoto da boina azul
Autor: Rocco Contestti
Gênero: Drama
Classificação: PG, 10anos
Sinopse: "E foi ai que me deu a louca. Três brutamontes a fim de torturar um magricela..."
Observação: Depois que li Contos de uma Bubleliana, me inspirei para fazer esse conto.

Estava suado com alguns fios do seu cabelo negro pregados na testa. Encontrava-se abaixo de uma das dezenas, talvez centenas, de pontes de Veneza. Era noite de sábado.

Parecia estar preocupado com algo, pois olhava para cima como quem não queria ser encontrado. Estava com cara de quem acabara de sair de uma festa ou de alguma briga, pois consegui vê-lo ofegar e seu suor escorrer pelo seu rosto pálido.
Pude vê-lo tirar sua boina azul revelando seus cabelos negros por completo e também um grave ferimento em sua testa. E analisando melhor, percebi que não era só suor que escorria por sua face, gotículas de sangue também se vertiam. Ele passou a mão onde doía e viu que sagrava.
Retirou também o lenço vermelho que estava amarrado no seu pescoço. Sinceramente eu esperava mais algum ferimento, mas para sorte do rapaz não tinha nada lá.
Então mais uma vez ele fica atento com os olhos e ouvidos mirando a rua que passava perpendicularmente àquela ponte.
Não demorou muito para que alguns outros jovens aparecessem. Demonstravam-se furiosos, com caras de quem matariam a primeira pessoa que achassem. E essa pessoa parecia ser o garoto da boina azul, que agora se encontrava ainda mais aflito.
– Pietro, onde está você, sua mariquinha!? – pude ouvir o maior e o mais forte dos garotos gritar.
– Apareça, Pietro. Você precisa aprender umas coisinhas. – disse o outro grandalhão, não maior que o primeiro, estralando os dedos como quem se prepara para uma briga, e de fato, estava. O terceiro brigão restou calado, embora sorrisse maldosamente e Pietro, agora sabia seu nome, ficou ainda mais nervoso.
– Vamos, seu boiola. Sei que está por aqui, sinto seu cheiro de covarde de longe. – tornou a berrar o maior, sacando um punhal, talvez o mesmo responsável pelo corte na testa de Pietro.
E foi ai que me deu a louca. Três brutamontes a fim de torturar um magricela e ainda o chamando de covarde. Acho que os três eram valentões da escola, que não conseguiam ser bons em nada, restando para eles educação física e agressão (física) aos indefesos. Covarde? Não. Talvez o garoto desse conta se fosse só um, mas estes tipos de ogros só agem em bando. Quanto a “minha louca”, fui ao meu escritório, saquei meu rifle do exército, o qual não usava á quinze anos, quando me aposentei, e atirei para o alto gritando para aqueles imbecis: “Deixem o garoto, seu bando de covardes!”.
Os três imediatamente correram dali e Pietro restou a procurar de onde saíram o tiro e o grito.
Saí da minha varanda e fui para minha cama. Não sei o que aconteceu ao menino depois daquela noite. Talvez o pegaram do dia seguinte  e o encheram de porradas ou, quem sabe, o mataram. Só sei que fazia tempo que queria usar aquela beleza de rifle. 

1 comentários:

Derek Matthews disse...

Muito bom, adorei :D

 

Escrevendo Mundos de Tinta © 2008 . Design By: SkinCorner