Título: O Garoto da boina azul
Autor: Rocco Contestti
Gênero: Drama
Classificação: PG, 10anos
Sinopse: "E
foi ai que me deu a louca. Três
brutamontes a fim de torturar um magricela..."
Observação: Depois que li Contos de uma Bubleliana, me inspirei para fazer esse conto.
Estava
suado com alguns fios do seu cabelo negro pregados na testa. Encontrava-se
abaixo de uma das dezenas, talvez centenas, de pontes de Veneza. Era noite de
sábado.
Parecia
estar preocupado com algo, pois olhava para cima como quem não queria ser
encontrado. Estava com cara de quem acabara de sair de uma festa ou de alguma
briga, pois consegui vê-lo ofegar e seu suor escorrer pelo seu rosto pálido.
Pude
vê-lo tirar sua boina azul revelando seus cabelos negros por completo e também
um grave ferimento em sua testa. E analisando melhor, percebi que não era só
suor que escorria por sua face, gotículas de sangue também se vertiam. Ele
passou a mão onde doía e viu que sagrava.
Retirou
também o lenço vermelho que estava amarrado no seu pescoço. Sinceramente eu
esperava mais algum ferimento, mas para sorte do rapaz não tinha nada lá.
Então
mais uma vez ele fica atento com os olhos e ouvidos mirando a rua que passava
perpendicularmente àquela ponte.
Não
demorou muito para que alguns outros jovens aparecessem. Demonstravam-se
furiosos, com caras de quem matariam a primeira pessoa que achassem. E essa
pessoa parecia ser o garoto da boina azul, que agora se encontrava ainda mais
aflito.
–
Pietro, onde está você, sua mariquinha!? – pude ouvir o maior e o mais forte
dos garotos gritar.
–
Apareça, Pietro. Você precisa aprender umas coisinhas. – disse o outro
grandalhão, não maior que o primeiro, estralando os dedos como quem se prepara
para uma briga, e de fato, estava. O terceiro brigão restou calado, embora
sorrisse maldosamente e Pietro, agora sabia seu nome, ficou ainda mais nervoso.
–
Vamos, seu boiola. Sei que está por
aqui, sinto seu cheiro de covarde de longe. – tornou a berrar o maior, sacando
um punhal, talvez o mesmo responsável pelo corte na testa de Pietro.
E foi
ai que me deu a louca. Três
brutamontes a fim de torturar um magricela e ainda o chamando de covarde. Acho
que os três eram valentões da escola, que não conseguiam ser bons em nada,
restando para eles educação física e agressão (física) aos indefesos. Covarde?
Não. Talvez o garoto desse conta se fosse só um, mas estes tipos de ogros só
agem em bando. Quanto a “minha louca”, fui ao meu escritório, saquei meu rifle
do exército, o qual não usava á quinze anos, quando me aposentei, e atirei para
o alto gritando para aqueles imbecis: “Deixem o garoto, seu bando de
covardes!”.
Os três
imediatamente correram dali e Pietro restou a procurar de onde saíram o tiro e
o grito.
Saí da
minha varanda e fui para minha cama. Não sei o que aconteceu ao menino depois
daquela noite. Talvez o pegaram do dia seguinte
e o encheram de porradas ou, quem sabe, o mataram. Só sei que fazia
tempo que queria usar aquela beleza de rifle.
1 comentários:
Muito bom, adorei :D
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